e meu dedo ainda dói.

Do ônibus desce uma mente confusa.

"Isso de Deus ser nosso 'pai' é muito doido. Me pergunto como deve se sentir. Todo dia, toda hora, a galera fazendo merda. Deve magoar um bocado. Quase me dá vontade de ser mãe, só pra ter noção. Vige, que motivo babaca...mas dá vontade. Você amar mais que tudo e ser magoado. Perdoa porque ama mais que tudo, e ser magoado de novo... porque covenhamos que filho nenhum é perfeito."

E a mente continua confusa caminhando para casa.

"Mesmo assim, sendo mãe, acho que nunca vou ter noção. Somos muito essencialmente egoístas para entender esse tipo de coisa...será, velho? Eu fico angustiada de imaginar o que Deus deve pensar ou sentir...sei lá."

Em casa, esquece um pouco a confusão e sorri para o papagaio quer ir para o ombro...ele sobe...e no primeiro carinho ele bica com muita muita força. Dói muito. "Cara, porque você fez isso!!!!!"

A mente, ainda confusa, corre para a pia, lava o sangue, vê a ferida e chora. Chora. 15 minutos e ainda chora.

"Que isso??" Comença a enumerar as várias doenças que poderiam ter acometido a sua mente já confusa...e ainda chora. Quando percebe...

"É por isso?? É assim??? Porque to chorando tanto, meu Deus? É assim que Você se sente? Você dá carinho e recebe feridas em troca? Doi tanto mais assim por dentro?" As lágrimas ainda lavam o rosto. "E olhei para ele e ele nem sabia o que estava fazendo...ignorante de ter me magoado? Ou não? Não sou do tipo que acredita na inocência de um papagaio...ele sabe da força que usou . Mas ele não sabe o que fez. Ele acha que sabe, mas no fundo, ele não sabe é de nada."

Não sabia mais se chorava pela dor, pela mágoa ou por Deus. Mas a mente estava um pouco menos confusa.

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