fria ausente frígida grosseira mal educada

Eu morro de medo. E esse medo não é de morrer, mas de machucar. Que loucura morrer de medo mas não ter medo de morrer. Por isso eu escolho me agarrar no medo. Porque o medo mata. Esfria. Congela. Com medo eu já estou morta, porque não poder, potência, possibilidades, probabilidades, so há o estático, o imutável, aciclico, todas essas coisas absolutamente opostas a ser vivo. Para que haja vida deve haver mudança, calor, fogo, movimento, ciclos, altos e baixos, machucados e curas. Tem que haver algo pra ser vida. Se não tiver nada é a morte. Medo mata mais que o objeto do próprio medo. Eu tenho medo de amar, de fazer de tudo pelo outro. Eu preciso fazer tudo pelo outro? Eu preciso comprometer meus limites para garantir que o outro vai me amar? Na realidade eu armo tudo para me frustrar fazendo isso. E quando eu bato o pé e não me rasgo para chegar ao que o outro quer, eu sou:

1. fria

2. ausente

3. frígida (esse é meu preferido. já ouvi mais de uma vez de uns pau no c*)

4. grosseira/agressiva

5. mal educada

Eu não tenho saudades de você. Eu não sinto falta de sua companhia. Eu não quero você de volta. Mas vocês, e tudo aquilo, não saem de mim. Oh, como eu tentei expurgar tudo. Até memórias. Não funciona.

Eu menti. Eu poderia mandar para outras pessoas, outras cartas. Mas elas estão mortas também. 

Eu tenho sentido vontade de pintar a rua de novo. 



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