na música certa, utopia




 Decidi transcrever um texto. Estou agonia pura. Nem sei de quê.

Esse texto é de meados de 2011/2012. Não está datado.

Lembro o contexto da minha vida, mas não o motivo. A vontade de morrer?

Aqui vai exatamente como encontro em papel e tinta:


Escutando a música certa eu me ponho a imaginar que estou numa mata...acho que atlântica. cheia de galhos antigos e semiapodrecidos. o cheiro é molhado e verde. tudo é verde escuro. até o cheiro. é manhã e eu, quando abro os olhos vez ou outra, consigo ver réstias de sol que conseguem ultrapassar a massífica folhagem verde que cobre tudo. estou à beira de um pequeno riacho em que a água é ferrosa, mas transparente. consigo ver a poeira depositada, a passear na água que corre lenta deus sabe para onde. e pétalas das flores minúsculas das árvores acima. grandes troncos velhos e coberto de musgo estão caídas por sobre esse riacho, produzindo desta forma, uma sensação de magia e liberdade, a medida em que se atravessa. a floresta é antiga. nas réstias posso ver a vida passando. pássaros profanam sua divina perfeição cortando-as como um raio negro. é tão silencioso que os ouvidos estranham mas a música suave equilibra as sensações (black wave - the shins). toco a água fria e pequenas ondas se formam. aranhas-dágua se movem, mas esse pequeno abalo é breve e efêmero. continuam... me sinto bem, perfeita, em casa... já não sinto saudade, nem fome, nem sede. minha etérea morada... uirapurus cantam e perturbam perfeitamente o equilíbrio silencioso. tocar a água me religa. me dá vida. não sinto mais nada além do frio na ponta dos dedos.


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